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  • Petrobras faz 70 anos em cenário de última fronteira do petróleo e transição para energia menos poluente


  • Especialistas dizem que a empresa deve liderar transição para fontes renováveis, mas precisa sustentar seus negócios com novas descobertas de petróleo.

A Petrobras faz 70 anos nesta terça-feira (3) em cenário sobre à discussão do seu papel na transição para fontes de energia menos poluentes e buscando explorar a última fronteira para o petróleo, no litoral norte do país.

Segundo especialistas o desafio imposto a empresa que mantenha  a viabilidade e poderio em meio às transformações pelas quais o mundo vem passando, como aquecimento global e necessidade de busca por fontes renováveis de energia. 

Transição energética

Conforme a diretora técnica do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), Ticiana Alvares, a Petrobras está atrasada no processo de se tornar uma empresa diversificada de energia.

Empresas do mesmo setor a exemplo de seus pares internacionais como as britânicas BP e Shell e a francesa TotalEnergies, têm dirigido seus investimentos visando a transição energética.

“A tendência mundial das grandes empresas de petróleo é se tornarem cada vez mais verticalizadas e cada vez mais empresas integradas de energia. Então não só empresas de óleo e gás, mas empresas integradas de energia. A Petrobras está atrasada nesse sentido, em comparação a outras grandes petroleiras mundiais, mas já foi sinalizado e temos essa expectativa que esse atraso comece a ser revertido”, afirmou.

-No primeiro semestre, a companhia criou uma diretoria voltada para a transição energética. Espera-se que essa mudança de direcionamento seja refletida em seu novo plano estratégico, que será divulgado em novembro.

Segundo o professor e pesquisador da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) Edmar Almeida, “as empresas de petróleo estão buscando um horizonte de sustentabilidade de seus negócios. Sabemos que o tamanho do mercado de petróleo vai diminuir e, para buscar dar mais resiliência ao seu portfólio de negócios, as empresas estão buscando fazer investimentos em áreas do setor de energia que tenham futuro”.

Essas novas fontes de energia estão em áreas como energia eólica em alto-mar (offshore), hidrogênio verde e novos combustíveis sustentáveis.

No entanto, o professor aponta que a empresa estatal não deve se afastar de suas vocações.

“Ela tem que continuar sendo relevante para o Brasil. Ela faz toda a diferença no mercado de petróleo e derivados, então tem que continuar cuidando desses segmentos em que já faz a diferença”, disse.

Conforme o professor Luis Eduardo Duque Dutra, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a Petrobras deve comandar a transição energética no Brasil.

“Se ela quiser sobreviver aos próximos 50 anos, vai ter também de fazer sua transição energética.”

O petróleo

Nesta segunda-feira (2), a estatal conseguiu uma licença para perfurar dois poços no litoral do Rio Grande do Norte, a 52 km da costa, numa região conhecida como “Margem Equatorial”.

Faz parte dessa região a bacia da Foz do Amazonas, onde a companhia está pleiteando licenciamento junto ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

-A Margem Equatorial é considerada por especialistas como a última fronteira do petróleo no Brasil. Ou seja, o último local de grandes descobertas antes da transição para outros combustíveis menos poluentes.

De acordo com o professor Dutra, as descobertas nessa região podem perdurar a produção de petróleo no país para até o final da próxima década. De acordo com ele, a Petrobras é essencial para que isso aconteça.

“A nova fronteira, que provavelmente é a última fronteira do petróleo, é a margem equatorial e o petróleo ultra profundo. Ora, a Petrobras é peça fundamental nessa trajetória. Em razão da competência que ela construiu nos últimos 50 anos, começando pelo offshore [alto-mar] e depois indo para o ultra profundo, não tenha dúvida, é ela que tem que abrir essa fronteira”, afirmou.